"Sou meio como um mosquito num campo de nudismo; sei o que quero fazer, mas não sei por onde começar." - Stephen Bayne





quinta-feira, 31 de maio de 2012

meu ambiente

Quando você tiver navegando pelo meu corpo
não espere águas calmas
não espere paz nem tranquilidade
as ondas são fortes
e meu calor desperta a energia que existe na minha natureza

aceite-me como sou
entregue a ti
com todo o meu corpo
aceite meu sol, meu céu, meu mar
aceite minhas flores, meus pecados e meus sonhos
aceite-me por inteiro

quando eu te disser para ir
que já tivesse desfrutado de todo o meu jardim
de toda minha alma
não me escute
só me cale
com um beijo
porque nem um segundo
é o suficiente pra todo o meu amor

segunda-feira, 7 de maio de 2012

que nada restou

E se eu fosse dizer que suspiros saem da minha boca por pensar no amanhã, que minhas pernas tremem, minha voz oscila, meu coração palpita. Mas não. Não sinto mais como se já não enxergasse mais. Não sinto mais amor, não sinto mais o frio na barriga. É um grande painel preto em minha frente do qual eu não consigo tirar nenhuma cor. E não tem branco. Não tem nada. É uma mistura do nada. É como se eu tivesse perdido os sentidos, e a única coisa que sinto é o vazio de não sentir nada. Mas talvez ainda reste esperança de emoções lá no fundo dentro de mim, talvez uma saudade, um remorso, uma culpa. Talvez um arrependimento por não ter feito mais, ou uma dor por ter feito demais. Quem sabe um ódio, mas não por ele, por mim, por ter achado que eu era o suficiente, e eu não sabia que eu era melhor. Dentro de mim, o que me resta são imagens do que achamos ser o ideal, do príncipe, do final feliz, das pegadas na areia. Mas eu cansei da historinha dos meus tempos de criança. Nós não temos mais tempo. Nós não temos mais nada, porque eu não tenho nada. Eu não tenho você, nem amor, nem um abraço. Pra que dormir hoje se amanhã eu acordaria nos braços invisíveis da nossa saudade? O que meus olhos enxergam hoje é nada mais do que um caminho sem traços, passos nem laços. Um caminho solitário, uma janela fechada, um vento no rosto, e uma solidão infinita, mesmo que do lado de alguém. Uma solidão que nem uma multidão poderia apagar. Meus olhos já não enxergam corações, nem ilusões, desamores e apelidos carinhosos. Meus ouvidos já não ouvem juras, mas sim promessas não cumpridas, desaforos e conversas mal explicadas. Tudo mentira. Tudo virou pó, tudo virou nada. E nada virou.

terça-feira, 1 de maio de 2012

minhas razões sem razão

Como posso escrever
se nada vivo?
Como posso recitar
se nada sinto?
Meus versos em vão já não cristalizam minha felicidade
minhas palavras são provenientes de amores passados
minhas pegadas são a inércia do caminho que antes seguia
Eu já não tenho razões
nem decepções
nem mesmo promessas
para basear minhas inspirações

Eu sigo essa estrada
porque a segurança que havia antes me atrai
Se já fui feliz por aqui
porque não ser de novo...
Talvez porque o medo
de começar o diferente
de inovar o inerente
seja maior do que a certeza de continuar na comodidade
de aceitar a pouca vaidade
de correr atrás de poucas verdades
que não pertencem ao meu presente

Não vivo de passados
eu não vivo de nada
porque não estou vivendo
eu só preciso de algo
que me faça acordar
que me faça escrever
sobre amor
ou a dor de amar

a verdade mentirosa, ou será a mentira verdadeira?

Não faz sentido escrever sobre o que não vive, cantar sobre o que não ama e pintar sobre o que não sente. Talento significa a expressão da experiência em alguma forma de arte. A mentira é só mais um catalisador para um sucesso desonesto. Talentize, então, seu próprio coração.