"Sou meio como um mosquito num campo de nudismo; sei o que quero fazer, mas não sei por onde começar." - Stephen Bayne





quarta-feira, 30 de março de 2011

uma virada de estação insignificante

E agora a praticidade se encontra jogada nas ruas
todas as folhas, que antes eram o símbolo da minha imaginação
se tornaram verídicas
e elas estão realmente lá
caídas
mas meu coração não
meu coração está aqui
por inteiro
e não despedaçado
como tantas folhas caidas

não são folhas amarelas
nem roxas, nem rosas
elas não tem cor nem brilho
são folhas velhas, que cairam por não ter mais vida
que cairam por não pertencer mais a esse mundo
e eu não quero cata-las
eu nao quero lembra-las
eu quero simplesmente deixa-las lá
adormecidas
no chão

meu outono chegou mais cedo e foi embora antes dos outros
mas ao mesmo tempo a estação ainda tentar derrubar pedaços das minhas árvores
mas meu verão é forte
e as folhas caídas são parte do ontem
que meu eu
não lembra mais...

sábado, 26 de março de 2011

a última vez que falo de nós

É como se meu pensamento vagasse pra longe daqui, onde os desamores se encontram e as despedidas se veneram, onde os beijos dos apaixonados são o último desejo antes do adeus. É como se minha desconcentração seguisse a inércia da tua indiferença, glorificando minha solidão e justificando meu amor sem volta.
Nossa maldição não é boa nem ruim, é eterna, e capaz de prender meu coração no ontem. Nossa maldição me faz perder as palavras ideais e esquecer o caminho das minhas poesias. Nossa maldição acabou com a intensidade das minhas certezas e tornou indefesa minha vontade louca de te ter. Nossa maldição cristalizou meu futuro, e agora meu passo invade esse segundo, consumindo meu coração e amaldiçoando meus sentimentos. Você não sai de mim, mas eu também não me esforço pra isso.

sábado, 19 de março de 2011

infelizmente o outono chegou

É como se todas as folhas que caissem acompanhassem meu coração
Aos poucos, ele se desfazia como se desfaz uma árvore no outono
Como se a nova estação representasse cada sentimento partido
cada abraço dolorido
cada beijo despedido
é como se a história fosse caindo de metros de altura
e o calor do meu coração estivesse indo embora
e levado com ele minhas esperanças de que todo o fogo fosse eterno
de que meu suor fosse compartilhado
de que essa sensação de claustrofobia satisfatória fosse intensificada e dividida

É como se todas as folhas que caíssem estivessem simbolizando minha dor
Como se elas acompanhassem minhas lágrimas
minha solidão
e minhas decepções
é como se o calor do verão tivesse ocupado nossos corações de uma maneira que esquentou demais nossa sinceridade
e ficamos com medo de expressar todos os sentimentos que nunca havíamos sentido
e tudo aquilo que ficou guardado
caiu com as folhas ontem
e ao lado de declarações e incertezas
o verão também ficou incerto
e eu fiquei dividida entre duas estações
dois lugares
dois você
dois de mim
dois de nós

Ah, essas folhas...
é como se cada uma representasse uma parte de mim que se foi
que era pra ficar
que era pra ficar por mais um tempo
só mais um pouco
só mais um pra sempre.....
só mais eu e você,
nessa nossa eterna maldição.